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7 frases que podem não parecer gordofóbicas, mas definitivamente são

Em setembro de 2015, parecia impossível clicar em qualquer coisa ou navegar em qualquer rede social sem esbarrar com reações ao vídeo gordofóbico da comediante Nicole Arbour.

Como a maioria de nós sabe, foi cheio de palavras odiosas que zombaram do sofrimento de outras pessoas e as desumanizaram. Na melhor das hipóteses, não foi original. Nada que nenhuma pessoa gorda não tenha ouvido milhões de vezes.

O que o vídeo fez, contudo, foi me lembrar da importância de educar massas com relação à gordofobia em geral.

Uma pessoa mediana, ou magra, não pode simplesmente dizer pra uma pessoa gorda que gordofobia não existe quando existem tantos exemplos dela na nossa linguagem, na mídia e na nossa cultura. 

Pessoas gordas são regularmente discriminadas por médicos por conta do peso e ensinadas que ser magro é algo moralmente superior. A opressão de gordos é real, e causa danos sérios a nossa saúde e bem estar.

A questão é que a gordofobia não ajuda as pessoas a emagrecerem e o estigma que ela cria traz mais danos que coisas boas para os gordos, de acordo com um estudo publicado na revista científica PLOS ONE.

Minha esperança é que a humanidade está tentando encontrar um meio de apoiar quem sofre gordofobia, parando de causar mal às pessoas ao redor.

Ainda assim, as vezes nós podemos ser gordofóbicos sem querer. Precisamos rever nossa linguagem e ideias que foram colocadas nas nossas cabeças ao longo de anos.

Por isso, aí vão sete frases gordofóbicas pra eliminar do seu vocabulário já:

1. "Digo, eu entendo completamente se alguém for gordo por causa de alguma doença ou condição médica, por exemplo”

De primeira, pode não parecer algo horrível a se dizer. Você está mostrando que você realmente entende que os motivos pelos quais os corpos são gordos podem ser vários. Ponto pra você, certo?

Não tão rápido. Humanizar as pessoas seletivamente e aceitá-las com base no tamanho dos seus corpos não é nada legal. Aceitação não deveria ter nada a ver com o fato de o outro ser gordo por causa de problemas na tiróide.

Aceitar uma pessoa gorda tem que acontecer sem exceções, ponto.

2. “Você não é gorda! Você é linda!”

Essa fala é incrivelmente problemática porque reforça a ideia que gordura e beleza são excludentes.

Gordura e beleza coexistem, galera. Pessoas são gordas e bonitas. Fim.

3. “Por favor pare de se chamar de gorda. Não fale de si mesmo assim."

É o seguinte: muita gente usa a palavra “gorda" como um insulto. Contudo, pessoas gordas estão retomando a palavra como sinônimo de algo positivo, que empodera, ao invés de algo pejorativo.

Você não ficaria brava se seu amigo de dois metros de altura se chamasse de alto, ficaria? Por favor, deixe as pessoas se referirem carinhosamente a elas mesmas como bem entenderem.

4. “Ai, eu tô tão gorda.”

Tá, calma: eu não acabei de dizer que tudo bem as pessoas se chamarem de gordas se elas quiserem?

Sim, se elas forem realmente gordas.

Quando pessoas de tamanhos padrão, que nunca foram marginalizadas por serem gordas, decidem cooptar a palavra, tiram o poder que pessoas realmente gordas tem sobre ela.

Quando você estiver cheia de ter consciência de que seu corpo ocupa bem mais espaço do que os outros, aí sim, você pode dizer isso.

Não transforme corpos gordos em piada ou use a palavra com conotações negativas como meio de pescar elogios. Todos nós temos questões com nossos corpos, mas cooptar a palavra porque você acha que é bonitinho não ajuda ninguém.

5. “Você tem um rosto tão lindo!"

De novo, parece que essa frase é super positiva, né? 

Bom, pessoas gordas estão super acostumadas a serem elogiadas pela beleza de seus rostos, e nada mais. É um elogio comumente usado como uma micro agressão a nós.

Levante a mão se você já ouviu: “você ficaria tão bonita se você perdesse uns quilos, você tem um rosto tão lindo!”. Tipo, o que tem de errado com o resto de mim?

6. “Não acredito que eu perdi 5kg! Eu me sinto incrível!”

Mesmo que você seja compreensiva e positiva com relação aos corpos e tamanhos de suas amigas, mesmo que você não esteja mandando ninguém fazer dieta, e mesmo que você esteja se sentindo bem com relação a sua perda de peso, falar de dieta ainda é um gatilho ruim pra muitos gordos.

Nós suportamos ouvir humanos anos e anos dizendo que nós podíamos perder alguns quilos, o que faz com que seja difícil lidar com papos de dieta às vezes.

Tudo bem estar feliz com mudanças na sua vida que te deixaram satisfeita, mas mencionar números e detalhes pode ser bem nocivo pra alguns ao seu redor.

Claro, falas sobre os quilos a menos que te deixaram feliz seriam aceitáveis se falas sobre os quilos a mais que te deixaram feliz fossem igualmente aceitáveis socialmente.

Mas com que frequência você vê fotos de antes e depois com uma modelo plus size do lado direito, do depois?

7. “Olha só, você tá vestindo isso? Você é tão corajosa!”

É o seguinte: a gente sabe que as pessoas julgam, zombam e envergonham outras por causa do peso e da aparência.

O tempo todo.

Se sua amiga ou alguém que você conhece decide sair com uma mini saia, um vestido colado ou praticar esportes com a camiseta pra dentro da calça, grandes chances de ela já ter considerado que o fato de quebrar regras da moda plus size vai afetá-la.

Ela sabe e obviamente não se importa o suficiente pra deixar de vestir o que quer. Então, elogie a roupa dela e pare por aí.

A foto do maiô da Jessica Kane nos lembrou que vestir roupas em público não deveria ser considerado um ato de coragem.

Quanto mais gatinhas gordas puderem fazer o que quiserem sem que isso se torne um espetáculo, mais normalizada essa atitude vai ser.

Estar consciente do que a gente fala e como a gente fala a fim de sermos menos gordofóbicos com as pessoas que conhecemos e amamos não significa que não vamos pisar na bola aqui e ali.

Então, se por acaso você dizer alguma coisa que seja gordofóbica, apenas peça desculpa, siga em frente e tente fazer melhor no futuro.

Mas não esqueça de se desculpar. Só isso já te separa de 80% do mundo.


Texto escrito por Jodie Layne, originalmente publicado no Bustle e republicado no Everyday Feminism.