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5 coisas que aprendi sobre contracepção natural

Pouco tempo atrás eu não sabia o que era contracepção natural. De longe, sempre me pareceu algo meio antiquado e nada seguro.De outro lado, eu estava cansada de métodos hormonais, como a pílula. Eu sofria de vários sintomas que vinham do uso prolongado de hormônios e queria entender outras opções que fossem mais saudáveis e estivessem mais conectadas com o meu corpo.

Foi então que encontrei uma amiga que sabe muito do assunto e fiz o workshop da Comum. E advinha? Foi um baque ver o quanto eu estava desconectada do meu próprio corpo, alheia ao meu ciclo.

O assunto é longo, profundo e demanda tempo de leitura e dedicação, mas aqui vão cinco coisas importantes que aprendi sobre contracepção natural e que vão te ajudar a quebrar alguns mitos sobre o tema.

1. Não é tabelinha

Tabelinha é o controle do ciclo através de um calendário, que ajuda a estimar o início e o fim do período fértil. Se baseia numa regra geral de um ciclo regular e não leva em consideração cada mulher, cada ciclo, cada corpo. Então, é bem pouco eficaz pra de fato prevenir a gravidez.

Contracepção natural são métodos de percepção da fertilidade (do inglês, fertility awareness) que te ajudam a entender o inicio e o final da sua janela fértil através dos sinais naturais do seu corpo, como o muco cervical (fluido natural e saudável produzido pelo colo do útero) e a temperatura basal (temperatura do corpo em estado de repouso, medida com um termômetro específico logo após acordar, antes mesmo de se levantar).

2. Tem a ver com conhecer o seu próprio corpo

Pra aprender como funciona, é preciso dar um mergulho na biologia, entender como funciona o corpo da mulher, o ciclo menstrual e os feedbacks de hormônio. Depois desse entendimento geral, a gente tem que entrar em contato com o nosso próprio corpo e entender como ele, em particular, funciona. Perceber o seu ciclo, as suas variações e a sua fertilidade faz parte da jornada.

Os métodos de percepção da fertilidade não se baseiam em previsões futuras, se baseiam no que você vê, percebe ali, no momento presente, e por isso te colocam em contato e conexão o tempo todo com seu próprio corpo.

3. Existem métodos diferentes

Os três métodos de percepção da fertilidade mais conhecidos são: método sintotermal, que combina a checagem do muco vaginal e a temperatura basal, o método billings, que é mais conhecido e consiste na checagem do muco vaginal e sensação vaginal, e o método justisse, que também considera muco e sensação vaginal, mas inclui a temperatura como opcional pra você determinar o final da janela fértil.

4. É tão eficaz quanto camisinha (ou mais)

É um engano achar que métodos de contracepção natural são perigosos e pouco eficazes. Se feitos corretamente, são bastante eficazes na prevenção da gravidez. A taxa de eficácia do método sintotermal (em caso de abstinência na presença de muco) por exemplo, é maior que a da camisinha: de 99,7%.

5. O segredo é ler, aprender e ter paciência

Não adianta querer aprender tudo correndo e cortar todos os outros métodos contraceptivos e de barreira, como a camisinha. Percepção da própria fertilidade e dominação dos métodos exige calma, um olhar cuidadoso e curioso pro próprio corpo, além de um mergulho em textos sobre o assunto e sobre o método escolhido.

Então, vai com calma e insistência. Depois que você aprender como o método funciona e adquirir os hábitos necessários de se checar, fica bem fácil. E mais: é libertador.

Pra você que quer saber mais, fizemos esses dois vídeos introdutórios com a Marcela Campos, ninja no assunto. Ela cursa Saúde Reprodutiva Holística no Justisse College e modera uma comunidade de mais de 10 mil mulheres focada nesse assunto. Chega mais.


Anna Haddad é co-fundadora da Comum. Escreve pra vários veículos sobre educação, colaboração, novos negócios e gênero, e dá consultorias ligadas à comunidades digitais e conteúdo direcionado pra mulheres.