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20 filmes que você tem que assistir e são dirigidos por mulheres

O último filme brasileiro indicado ao Oscar foi o “Que Horas Ela Volta?”, dirigido por uma mulher: a diretora Anna Muylaert. Apesar desse destaque, o protagonismo da mulher no audiovisual brasileiro ainda é muito pequeno.

O Brasil está num momento super importante de produção cinematográfica, mas não se engane, as mulheres ainda estão bem por fora do mercado. Em 2015, menos de 15% dos filmes nacionais foram dirigidos por mulheres, apontou a Ancine.

Um estudo interessante mostrou que filmes que tenha ao menos uma mulher na direção têm mais chances de empregar mulheres roteiristas, produtoras, diretoras de fotografia etc. Por isso, manas do audiovisual, vamos convidar cada vez mais outras manas para trabalhar!

Ter não só a mulher representada na tela, mas também por trás dela, como realizadora, garante que esses estereótipos sejam dissolvidos e que o imaginário dessas personagens seja construído não por um olhar alheio, mas sim por alguém que vive e se identifica com elas.

Isso serve também na representatividade da mulher negra, como é no caso da diretora Yasmin Thayná, do filme Kbela, onde usa uma linguagem sensível para mostrar o fortalecimento da identidade da mulher negra a partir da aceitação do cabelo crespo de todas as imposições e alisamentos que a sociedade sempre mostrou como única opção.

“A gente estreou Kbela e uma menina negra, depois da exibição, na hora do debate, disse que nunca esperou ir ao cinema e ouvir o som de um cabelo crespo sendo penteado. Talvez uma pessoa não negra nunca tenha pensado sobre isso, enquanto para uma pessoa negra faz total sentido, é parte fundamental”.

Sobre atrizes e personagens mulheres, somos bastante representadas no audiovisual brasileiro, mas ainda faltam papéis mais representativos do gênero nas produções em geral. Para Rosana Alcântara, diretora da Ancine, essa mudança na indústria audiovisual é também muito importante, pois reflete avanços no papel da mulher na sociedade.

Abaixo, trago uma seleção de filmes dirigidos e alguns também protagonizados por mulheres incríveis do cinema brasileiro, já que temos tantas, mas que são tão pouco conhecidas e divulgadas.

Por mais representatividade da mulher e valorização das nossas profissionais brasileiras! Avante!

O Olmo e a Gaivota, de Petra Costa

Dirigido por Petra Costa, diretora que foi questionada por um distribuidor, “por que raios produzir um filme sobre grávidas? Que assunto mais desinteressante.”, onde depois ganhou prêmios e foi super bem recebido pelo público e pela crítica.

Explora uma barreira entre ficção e realidade, o documentário é uma travessia pelo labirinto da mente de uma mulher, Olmo e a Gaivota, conta a história de Olivia, atriz que se prepara para encenar A Gaivota, de Tchekov. Quando o espetáculo começa a tomar forma, Olivia e seu companheiro Serge, que se conheceram no teatro, descobrem que ela está grávida.

Os meses de gravidez se desdobram como um rito de passagem, que forçam a atriz a confrontar seus medos mais obscuros. O desejo de Olivia por liberdade e sucesso profissional bate de frente com os limites impostos pelo seu próprio corpo.

Elena, de Petra Costa

Elena viaja para Nova York com o mesmo sonho da mãe: ser atriz de cinema. Deixa para trás uma infância passada na clandestinidade dos anos de ditadura militar e deixa Petra, a irmã de 7 anos. Duas décadas mais tarde, Petra também se torna atriz e embarca para Nova York em busca de Elena. Tem apenas pistas: filmes caseiros, recortes de jornal, diários e cartas. Petra percorre seus caminhos e acaba descobrindo Elena em um lugar inesperado. Aos poucos, os traços das duas irmãs se confundem, já não se sabe quem é uma, quem é a outra. Petra decifra. Agora que finalmente encontrou Elena, Petra precisa deixá-la partir.

Bicho de sete cabeças, Lais Bodanski

Como todo adolescente, Neto (Rodrigo Santoro) gosta de desafiar o perigo e comete pequenas rebeldias incompreendidas pelos pais. Mas seus pais levam as experiências de Neto muito a sério e, sentindo que estão perdendo o controle, resolvem trancafiá-lo num hospital psiquiátrico. No manicômio, Neto conhece uma realidade desumana e vive emoções e horrores que ele nunca imaginou que pudessem existir.

Que horas ela volta, Anna Muylaert

Depois de deixar a filha no interior de Pernambuco e passar 13 anos como babá do menino em SP, Val tem estabilidade financeira, mas convive com a culpa por não ter criado sua filha. Às vésperas do vestibular do menino, no entanto, ela recebe um telefonema da filha dizendo que vai a São Paulo prestar vestibular. Com alegria e ao mesmo tempo apreensão, Val prepara a tão sonhada vinda da filha, apoiada por seus patrões. Mas quando Jéssica chega, a convivência é difícil. Ela não age dentro do protocolo esperado para ela, o que gera tensão dentro da casa. Todos serão atingidos pela autenticidade de sua personalidade.

Durval Discos, Anna Muylaert

Durval e sua mãe Carmita vivem há muitos anos na mesma casa onde funciona a loja Durval Discos, que já foi muito conhecida no passado mas hoje vive uma fase de decadência devido à decisão de Durval em não vender CDs e se manter fiel aos discos de vinil. Para ajudar sua mãe no trabalho de casa Durval decide contratar uma empregada. O baixo salário acaba atraindo Célia, uma estranha candidata que chega junto com Kiki, uma pequena garota. Célia desaparece, deixando Kiki e um bilhete avisando que voltaria para buscá-la dentro de 3 dias. Durval e Carmita ficam surpresos com tal atitude, mas acabam cuidando da garota. Até que, ao assistir o telejornal, mãe e filho ficam cientes da realidade em torno de Célia e Kiki.

Cidade de Deus, Katia Lund

Apesar de pouca gente saber, o Cidade de Deus, o filme brasileiro mais famoso no mundo inteiro, foi dirigido também por uma mulher, a Katia Lund, e não somente pelo Fernando Meirelles, como sempre foi divulgado. E para completar o descaso, somente Fernando Meirelles foi indicado ao Oscar pela direção do filme, li que na época causou polêmica, mas enfim, aconteceu dessa forma e Katia nunca foi indicada ao Oscar.

Califórnia, Marina Person

Início dos anos 1980. Estela é uma adolescente que vive os conflitos típicos da idade, de identidade, amizade e amor. Ela tem um ídolo, o tio Carlos, jornalista musical que vive nos Estados Unidos. E o maior sonho da menina é visitá-lo na Califórnia, durante as férias. Os planos dela vão por água abaixo, no entanto, quando ela descobre que é ele quem está voltando para o Brasil, magro, debilitado por consequência de uma doença sobre a qual a medicina apenas começava a se debruçar.

Amores Urbanos, de Vera Egito

Vera Egito, roteirista de filmes como Serra Pelada, Elis, À Deriva, Cheiro do ralo e diretora de 2 curtas premiados em Cannes, clipes e vários filmes publicitários em seu currículo, dirige seu primeiro longa Amores Urbanos, onde sua equipe foi toda de mulheres.

Três amigos, Diego, Júlia, e Micaela estão no auge de suas vidas, revelando suas personalidades, experimentando desilusões amorosas e procurando a carreira ideal. Eles moram no mesmo prédio de São Paulo e compartilham diariamente suas experiências, fracassos e conquistas. Rindo ou chorando, eles estarão juntos.

Divinas Divas, de Leandra Leal

Estreia de Leandra Leal, atriz maravilhosa, como diretora, Divinas Divas aborda a primeira geração de artistas travestis do Brasil. Rogéria, Valéria, Jane Di Castro, Camille K, Fujica de Holliday, Eloína, Marquesa e Brigitte de Búzios formaram, na década de 1970, o grupo que testemunhou o auge de uma Cinelândia 02 repleta de cinemas e teatros. O filme irá acompanhar o reencontro das artistas para a montagem de um espetáculo, trazendo para a cena as histórias e memórias de uma geração que revolucionou o comportamento sexual e desafiou a moral de uma época.

Dominguinhos, de Mariana Aydar

Dirigido por Mariana Aydar, cantora e música de forró e MPB, Dominguinhos é um documentário sobre a vida e a obra de um dos maiores mestres da música brasileira. O filme conta com preciosas participações de renomados artistas, valoriza a experiência sensorial e cinematográfica e se aprofunda nos arquivos de imagem e fonogramas raros, numa viagem conduzida pelo próprio Dominguinhos. Uma celebração a música brasileira e sua universalidade.

A Via Láctea, de Lina Chamie

Heitor e Júlia (Alice Braga) namoram há algum tempo. Após terem uma discussão violenta ao telefone, Heitor decide pegar o carro e encontrá-la em sua casa, para resolver a situação. Através de sua viagem pelas ruas engarrafadas de São Paulo ele passa a analisar as possibilidades do amor, perda e morte em um grande centro urbano.

Amarelo Manga, com direção de arte por Renata Pinheiro

Amarelo Manga, para mim, tem uma das mais incríveis direções de arte do cinema brasileiro, que foi feita pela Renata Pinheiro.

Lígia é uma mulher desencantada que trabalha num bar, num subúrbio de Recife. Ao mesmo tempo, Kika, que é muito religiosa, está frequentando um culto enquanto seu marido Wellington, que é um açougueiro, elogia as virtudes da sua mulher enquanto usa uma machadinha para fazer seu serviço.

Apesar de elogiar a mulher, Wellington tem uma amante, que quer que ele tome uma decisão.

No Hotel Texas, que também fica na periferia, trabalha Dunga, um gay que é apaixonado por Wellington. Um hóspede do Hotel Texas, Isaac, sente um grande prazer em atirar em cadáveres, que lhe são fornecidos por Rabecão, um funcionário do IML. Isaac conhece Lígia no bar e se interessa por ela.

Kbela, de Yasmi Thainá

Dirigido por uma mulher negra, Yasmin Thainá, o filme busca refletir sobre o lugar da mulher negra na sociedade contemporânea, os atuais padrões de beleza, sua expressão, autoimagem e identidade. Ela define: “Temos dito que é uma experiência sobre ser mulher e tornar-se negra. O filme é uma sequência de metáforas presentes no cotidiano de boa parte das mulheres negras do mundo”.

O começo da Vida, de Estela Renner

Estela Renner, diretora, roteirista e produtora, merece destaque, seu trabalho é dedicado em ajudar a promover mudanças sociais e ambientais através obras audiovisuais.

Estela escreveu e dirigiu Muito Além do Peso, documentário sobre a epidemia de obesidade infantil, e Criança: a Alma do Negócio, sobre os efeitos da propaganda dirigida às criança e outros.

No Começo da vida faz uma análise aprofundada e um retrato apaixonado sobre os primeiros mil dias de um recém-nascido, o verdadeiro começo da vida de um ser humano, tempo considerado crucial pós-nascimento para o desenvolvimento saudável da criança, tanto na infância quanto na vida adulta, onde os pais precisam ter o maior cuidado, amor e carinho possível.

Céu de estrelas, de Tata Amaral

Dalva (Leona Cavalli) trabalha como cabelereira no bairro da Mooca, em São Paulo. Ela resolve romper seu relacionamento de 10 anos com Victor (Paulo Vespúcio), um metalúrgico, que também é do bairro. Logo em seguida ganha um concurso de cabelo e, como prêmio, uma passagem para concorrer às finalíssimas em Miami. Dalva vê nesta viagem a possibilidade de se livrar do universo opressivo em que vive e decide ficar por lá, afastando-se da mãe e do ex-noivo.

Amor, plástico e barulho, de Renata Pinheiro

Shelly (Nash Laila) é uma jovem dançarina que tem o grande sonho de se tornar cantora de Brega. Ela entra para o show business em busca de fama e fortuna mas, inserida em um mundo onde tudo é descartável, incluindo o amor e as relações humanas, ela vai encontrar grandes dificuldades para atingir a fama. Seguindo os passos de Jaqueline, sua companheira de banda e musa inspiradora, ela pretende virar uma grande cantora de música Brega. 

Trabalhar cansa, de Juliana Rojas

Helena é uma dona de casa que resolve abrir um minimercado. Tudo vai bem até Otávio seu marido, perder o emprego. A partir de então estranhos acontecimentos tomam conta do local, afetando o relacionamento do casal com a empregada doméstica.

Que bom te ver viva, de Lucia Murat

Ex-presas políticas da ditadura militar brasileira analisam como puderam enfrentar as torturas e prisões, relatando as situações e como sobreviveram à esse período, onde delírios e fantasias são recorrentes. O filme intercala cenas documentais com um monólogo ficcional, que é um amálgama dos relatos e das memórias dessas corajosas mulheres.

My Name Is Now, de Elizabete Martins Campos, sobre Elza Soares

A cantora Elza Soares não precisa de maiores apresentações. Diva da música, e com uma grande trajetória, ela conquistou, não só os palcos brasileiros, mas sim o mundo inteiro. Mas este não é um filme sobre a carreira da cantora, mas sim um filme que ela está vivendo.  

A partir da cantora, vemos um  Brasil de povo criativo, que vence seus obstáculos.

Iluminados, de Angela Rebello

Iluminados é um documentário que revela o olhar sobre a fotografia de cinema pelas lentes de alguns dos maiores profissionais da recente cinematografia brasileira.

Num país onde as diretoras de fotografia são representadas em apenas 1 % no cinema brasileiro, a diretora Angela Rebello, apresenta os profissionais: Dib Lutfi, Edgar Moura, Fernando Duarte, Mario Carneiro, Pedro Farkas e Walter Carvalho imprimem um pouco de sua história como fotógrafos e refletem sobre seus trabalhos, dos diretores, do seu cinema em particular e do que a sétima arte representa para o mundo.


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