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Síndrome do Impostor: quem nunca? Quem sempre?

 Há uns anos atrás, quando li o livro “Um Dia”, me apeguei muito ao trecho onde Dexter diz para Emma que, se pudesse dar a ela um presente, qualquer um no mundo, daria confiança - isso ou velas aromáticas. Eu acabo associando o trecho sempre que preciso falar desse aspecto específico da nossa personalidade e autoestima, quase como uma tradição.

Emma era mais ou menos o que eu era quando o livro foi lançado, mas em uma versão fictícia. Se hoje eu fosse apontar um trecho específico, ele certamente seria o da insegurança (ou síndrome do impostor).

Escrevo desde pequena, num nível que aos sete anos era ousada o suficiente para ilustrar algumas historinhas e ter mandado para uma editora aleatória, no sulfite mesmo. Só não sei em que momento da vida isso começou a se perder.

De alguma forma, passei a achar que não era boa o suficiente para escrever, até hoje a coisa que mais ano e desejo da vida. Depois, passei a achar que não era boa o suficiente para manter amigos e até o cara com quem me relaciono. Com um bom tempo, terapia e apoio, superei a insegurança sobre amizades e namoro, mas mantive a, talvez, mais importante e que deveria ser a mais cuidada: aquela sobre eu mesma e sobre o que eu faço.

Vejo muitas meninas, principalmente, falando e escrevendo muito bem sobre como se sentem impostoras no que fazem, sobre como parece que em algum momento alguém vai apontar para elas e rir, rir deliciosamente porque estarão desmascarando-as.

É ótimo não estar sozinha neste barco, mas é péssimo que tanta gente, que tanta mina talentosa tenha esse medo, essa trava que, às vezes, faz com que muitas guardem tudo para si, como nossos velhos diários da infância.

Na história, um belo dia, Dexter encontra uma criança lendo um livro de Emma no trem. Por que é que não podemos ter essa relação com nosso trabalho?

É difícil encontrar uma fórmula para que a gente se desprenda dessa sensação, mas se tem algo que tenho aprendido é: fazer. Se não podemos ter a ausência do medo, que tenhamos a possibilidade de bater de frente com ele. Se a gente se sente bem fazendo algo, seja pintando, cantando, escrevendo, compondo ou costurando, que continuemos.

Se algo é tão parte de nós, quase uma extensão do corpo (como escrever é para mim), então que deixemos vir à tona.

Sempre existe uma amiga com a capacidade de ser uma motivadora externa e isso é mágico. Conte com isso. Conte com isso ao ponto de esse incentivo ser tão seu que, em algum momento, você conquistará o mundo apesar do medo. Em algum momento você vai sentir seu coração vibrar com mais alguém que gostou do que você fez. E tudo apesar do medo.

Talvez a sensação de ser uma impostora demore para passar e talvez não desapareça nunca. Mas confio na possibilidade de encontrar caminhos, de descobrir paixões, de engrandecer sonhos ao ponto de que a insegurança adormeça em algum canto qualquer. De forma que aquilo que constrói nossa essência ocupe o maior espaço possível.


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Autocompaixão para mulheres: a primeira trilha da Comum

A trilha da Comum desse mês é sobre autocompaixão e autonomia afetiva pra mulheres. Vamos explorar o tema juntas, através de textos, vídeos, conversas no fórum e práticas. A trilha começa nessa semana, com esse texto, e estará disponível integralmente só pras assinantes. Se quiser saber como se tornar uma e participar dessa trilha e das próximas, clica aqui e vem com a gente. 


Franciellen Carneiro, 22 anos, Jacareí. Feminista. Jornalista que quer viver de escrever e conquistar o mundo. Meu Palanque | Twitter