Comecei a falar de CNV aqui nesse vídeo e nesse texto. Mas depois de colocar o dedinho nessa água, podemos ficar um pouco perdidos e sem saber por onde começar. É natural - todos precisamos de ajuda pra partir de algum lugar.
Por isso, gravamos esse próximo vídeo, com os 4 passos práticos da CNV e exemplos que nos ajudam a botar em prática um pouco da teoria.
Tenha em mente que colocar em prática os 4 passos não significa necessariamente que você estará se comunicando de forma não-violenta. É bem importante estar consciente que é o início de uma jornada de desprogramação da nossa linguagem habitual, e por isso, as chances de falhas e confusões são grandes. Note qual passo você tem mais dificuldade ou mais facilidade em exercitar e vá se aprofundando no tema devagar.
O mais importante de tudo é tentar.
Dá o play.
Também, separei algumas dicas mais importantes e que me ajudaram muito no início da prática, pra você combinar com os 4 passos do vídeo.
Vamos lá:
1. Treine a escuta
Perceba o grau de disponibilidade no qual você se coloca ao ouvir uma pessoa durante uma conversa. Apenas ouvir, sem necessidade de responder, de retrucar ou contra-argumentar imediatamente. Tente se colocar em algumas conversas na posição de ouvir ativamente, prestar atenção na fala do outro com curiosidade e atenção.
O segundo passo, após treinar a escuta, é transformar a escuta ativa em escuta empática, ou seja, além de ouvir com atenção e curiosidade, ouvir também se colocando à disposição de entender e encontrar algum ponto de conforto ou solução para as questões da pessoa que você ouve. Isso significa se soltar de julgamentos de valor, de algum entendimento pré-existente da situação e se desidentificar da história contada, sem trazer aspectos seus (crenças e experiências) na tentativa de aconselhar.
Mesmo que você não tenha interesse em explorar profundamente os princípios da CNV, é a partir da escuta que conseguimos conhecer e aumentar nossa conexão com o outro, e só isso já gera benefícios nas suas relações.
2. Leia o método do Marshall
Marshall Rosemberg é o criador do termo e do processo da comunicação não-violenta. Nesse livro, que é a maior referência no tema, ele conta o que o motivou a desenvolver o método e prescreve toda a teoria necessária sobre o assunto. Então, se você quiser ir mais fundo no tema do vídeo acima (os 4 passos), dá uma olhada no livro. Entender as razões dos passos e suas nuances ajuda muito na hora de coloca-los em prática.
3. Encontre pares de prática
Tão importante quanto começar a praticar é não fazer sozinho. Encontre pessoas e pares que tenham o mesmo interesse e compartilhe os ensinamentos e exercícios.
É fundamental começar a praticar com outra pessoa que esteja com a mesma intenção. No início, as pessoas mais próximas podem notar algo diferente na sua postura e forma de falar, e esse estranhamento pode nos desencorajar. Além disso, é muito fácil retornar às dinâmicas de conversação já construídas com algumas pessoas do nosso entorno. Apesar de esse ser justamente o maior desafio e aprendizado na CNV, podemos deixar ele pra um segundo momento.
Aqui, busque se cercar de pessoas que também queiram praticar e fazer exercícios em conjunto.
4. Busque círculos de prática e apoio
Existem vários cursos e oficinas que buscam apresentar e vivenciar os princípios e ideias da CNV. No Brasil, um dos mais conhecidos são os facilitados pelo Dominic Barter, e o grupo de apoio no Facebook onde são divulgados esses encontros.
Também no Facebook tem o grupo Rodas de Empatia, que trabalha e exercita a escuta, além de pessoas referência no tema, como a Sandra Caselatto, Angelica Rente, Caroline Nalon e Fabiana Maia todas acessíveis, abertas a tirar dúvidas e te auxiliar na sua trajetória. Também estou à disposição para ajudar e compartilhar meus aprendizados.
Tudo o que escrevo aqui e conto nos vídeos faz parte da minha jornada com a CNV, e é um relato muito pessoal do meu contato com o tema - ainda em transformação e desenvolvimento.
A Comum nasceu dessa vontade de poder praticar CNV entre mulheres. Nessa comunidade, cultivamos o desejo de abrigar conversas significativas, de escuta, apoio, acolhimento e construção conjunta dentro da pluralidade de vozes e vivências que temos.
Por isso, uma comunicação não-violenta vem sendo a base crucial das nossas conversas no fórum fechado (que tem acesso restrito às assinantes pra seguir sendo sempre um lugar seguro e acolhedor), e também têm sido assunto nos textos: o que é, o processo, como praticar mais, referências e dificuldades são pautas constantes por aqui. Fica sempre ligada e, se quiser participar da comunidade, chega aqui pra saber como.
Seguimos juntas.
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Giovana Camargo é co-fundadora da Comum. Se dedica a empoderamento feminino através de encontros, conteúdos e consultorias de projetos pra mulheres.