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Mulheres, bicicletas e uma cidade em transformação

Novas ciclovias pela cidade de São Paulo e bicicletários cheios em estações de trem mostram que mais paulistanos estão usando a bicicleta no dia a dia. O que confirma que seu uso para induzir melhorias da cidade, ao invés de esperar tudo pronto para começar, sempre funcionou.

Pelo código nacional de trânsito, pessoas em bicicletas têm o direito e a preferência sobre os motorizados no uso e compartilhamento do espaço na rua (e os pedestres sobre os que usam a bicicleta e outros não motorizados). Infelizmente nem sempre é assim e não precisa de dois eventos violentos para colocar em risco de morte alguém a pedalar.

Velocidades reduzidas dos motorizados, no entanto, sustentam essa lei da preferência, e isso também tem acontecido na cidade. Com a fiscalização da redução da velocidade, vem caindo o número de mortes. Quem via vantagem em entrar em seu carro e acelerar a toda já pode repensar essa relação que nunca foi vantagem, porém não era inibida como devia.

Outra medida que incentiva o uso da bicicleta é a oferta de infraestrutura. Mais um acontecimento que vivemos aqui. Embora cruze várias mulheres em regiões de padrão econômico alto usando bicicletas bonitas e confortáveis com cadeirões para seus filhos (viva! Tem criança nascendo em cima da bicicleta em SP. O futuro é agora), na periferia a mobilidade não é tão fácil. Quanto mais distante do centro expandido, menor a frequência de fiscalizar, oferta de infra e serviços. E isso não é certo!

A bicicleta é das mais justas ferramentas libertadoras do sistema, e é aí que precisamos focar.

Mulheres devem ter serviços e a atenção que merecerem para possibilitar o uso da bicicleta no dia a dia, mas que isso não nos segregue por falsos privilégios e isole do uso efetivo do veículo não motorizado para vivenciar a cidade além do centro e dos modismos (bons, mas não pode parar neles).

Há grupos de ativistas políticos em todas as regiões da cidade, que podem ser facilmente localizados pelo Facebook, zelando pela qualidade do que vem sendo estudado e implementado, assim como compartilhando dados sobre o andamento cicloviário municipal através de grupos sérios, envolvidos em nossos nomes, como o Ciclocidade.

Se você já usa a bicicleta no dia a dia, ótimo. Conte comigo caso precise de algo, tenho experiência e, se não souber como ajudar, devo conhecer alguém que saiba. Se não usa, conte também, pelos mesmos motivos.

O Bike Anjo tem uma incrível programação mensal com oficinas que ensinam quem ainda não sabe a pedalar e quem já sabe a pedalar na cidade. Podem contar com esse apoio, eles são anjos verdadeiros!

Depois de iniciada no trânsito, subidas, distâncias longas e vento cruzarão diariamente com você e é não colocarão seu novo hábito em risco. O que é frequente se faz conhecido, assim como o condicionamento físico que só melhora e impulsiona o pedalar diário, de casa para o trabalho, de hoje para o amanhã.

Uma pedalada a frente e você não está mais no mesmo lugar. 


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Thais Moura é formada em educação física na PUC e na Unicamp, trabalha há 11 anos com parâmetros qualitativos de estilo de vida ativo e qualidade de vida; e criou seu próprio método, que combina atividades que conectam as participantes com o objetivo de condicionar através dos exercícios para manter ou resgatar a autonomia: como pedalar pela cidade, correr, surfar, sentar com conforto em frente ao computador ou carregar um bebê.