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10 informações sobre aborto que você precisa ter

O Dia de Luta pela Descriminalização do Aborto na América Latina deste ano conta com a Virada Feminista #PrecisamosFalarSobreAborto 24h. Sim, serão 24 horas de conteúdo e bate-papo online ao vivo discutindo a descriminalização do aborto, tirando dúvidas e debatendo.

Por aqui nós somos a favor da autonomia da mulher e é com esse foco que resolvemos desmentir algumas verdades absolutas que escutamos por aí.

1 – O Brasil é maior do que o eixo Rio-São Paulo

As condições de vida, educação e acesso à saúde de qualidade são bastante diferentes em cada canto do país. Não adianta a gente achar que o aborto só acontece aqui ou lá: ele acontece no Brasil inteiro e exatamente por isso se torna um assunto de saúde pública.

2 – O que é aborto inseguro?

É uma convenção da OMS que liga interrupção da gestação, falta de prática, habilidade, conhecimento e/ou em ambiente sem condições de higiene. A organização diz que, pelo menos, 70 mil mulheres morrem por ano em casos assim.

De acordo com o ginecologista e obstetra Jefferson Drezett, em entrevista à agência de jornalismo Pública, “hoje a gente tem aproximadamente 250 mil internações para tratamento de complicação de abortamento por ano no país. É o segundo procedimento mais comum da ginecologia em internações.”.

Dá pra mudar isso? Dá. Primeiro é descriminalizar, segundo é permitir o acesso a medicamentos abortivos. Quando uma mulher pode abortar com remédios, em um procedimento sem mistérios, ela não tenta fazê-lo com cabides ou instrumentos não cirúrgicos.

3 – Se não descriminalizar os abortos param

Uma mulher que decidiu racionalmente, como adulta capaz que é, abortar, não vai mudar de ideia por causa da criminalização. Abortos são realizados todos os dias e isso não vai mudar – dados suspeitam da marca de um milhão de abortos clandestinos por ano. A questão aqui, então, não é se o aborto vai existir ou não, é sobre como essas mulheres serão tratadas.

4 – É só usar método contraceptivo

A OMS diz que mesmo se todas as mulheres sexualmente ativas do mundo usassem perfeitamente métodos contraceptivos ainda teríamos entre oito e 10 milhões de gestações por falhas dos próprios métodos. Engravidar nem sempre é escolha.

5 – Não quer o bebê, dá pra adoção

A gente pode deixar de lado o peso social que uma decisão como ela levaria para a vida da mulher. A gente pode fazer de conta que toda criança deixada para adoção consegue um lar seguro e amoroso. Mas a gente não pode ignorar a nossa legislação e ela diz que uma mulher não pode abandonar seu filho. A mulher que faz isso, se descoberta, é presa.

6 - E o direito à vida?

O direito à vida começa quando há vida e ela existe em um grupo de células que pode vir a se tornar um bebê. Nem toda gravidez segue até o final. Nem toda gestação gera uma criança. Por isso mesmo que a descriminalização do aborto conta com prazos para que o procedimento seja feito. Infanticídio é um crime muito grave na nossa legislação.

7 - E se sua mãe tivesse te abortado?

Para responder a essa pergunta deixo dois textos. O da Larissa Carvalho para o site Blogueiras Feministas e o da Djamila Ribeiro para a Carta Capital.

8 - O aborto vai virar método anticoncepcional

Não, não vai. E diversos países que têm hoje uma política descriminalizante em relação ao aborto pôde sentir a diminuição da prática. O motivo é simples: junto com a descriminalização vem a orientação, o planejamento familiar, o diálogo aberto. E tudo isso faz uma diferença enorme.

9 - A mulher vai carregar culpa para sempre

Na verdade, 99% das mulheres não se arrepende. Os dados são de uma pesquisa publicada no jornal médico PLOS ONE.

10 – Mas a minha religião diz que é errado

Saúde pública e legislação não podem ser pensadas com base em religiões. O motivo é simples: nem todo mundo tem a mesma crença. A descriminalização do aborto não obriga que todas as mulheres o façam, então ninguém precisa ir contra a própria religião ou vontade.


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Carol Patrocinio é jornalista e divide seu tempo entre escrever para diversas publicações sobre assuntos relacionados ao mundo feminino e ao feminismo, como o Ondda, seu canal no Medium, vídeos no Youtube e consultorias para negócios que querem falar com as mulheres.