Para além da ausência de doenças e patologias, sabemos na prática e sentimos na pele que nossa saúde mental funciona num espaço mais amplo, que abraça outras métricas que não só as físicas — aquelas observadas por sintomas ou em diagnósticos médicos.
Queremos cultivar uma mente tranquila, criativa, exploradora, intuitiva. Queremos construir conexões sociais benéficas e ter estratégias inteligentes para lidar com diferentes situações. No fundo, a raiz da busca é a mesma: desejamos ser melhores para os outros e para nós mesmas.
Mas apesar de a internet estar abarrotada de conteúdos que nos mostram as maravilhas do florescer humano, vejo uma movimentação confusa de pessoas bastante motivadas, mas pouco preparadas para, de fato, iniciar essa trilha. O caminho está lá, todo florido. Enxergamos. Mas, ao olhar para nós mesmas, sentimos falta das ferramentas necessárias para percorrê-lo. Sabemos por onde, mas não sabemos como.
De acordo com Doris Lessing, escritora, poetisa e prêmio Nobel em 2007, “qualquer ser humano, em qualquer parte do mundo, irá florescer em cem talentos e capacidades inesperadas, simplesmente por lhe ser dada a oportunidade de o fazer”.
E foi pensando em apoiar o seu mergulho que fizemos uma primeira curadoria especial de conteúdos que vão te ajudar a se equipar para esse percurso de vida. É menos sobre a palestra do momento e mais sobre a fala que impulsiona para o fazer acontecer. A gente compartilha as ferramentas e você potencializa seu crescimento, bem-estar e a realização de propósitos e objetivos.
Essa é a primeira de muitas, e tem um foco sutil em gênero, pessoas, mulheres e mundo interno. Muitas outras virão. Vamos juntas?
Para assistir de peito aberto:
1. Embrace: um documentário sobre a nossa dificuldade em aceitar os nossos próprios corpos, reais, narrado a partir da experiência da ativista Taryn Brumfitt. Disponível no Netflix.
2. Happy: um documentário sobre a felicidade genuína, através de pesquisas recentes em neurociência, sociologia e psicologia da felicidade. Curto, leve, é um abraço quentinho na gente.
3. Miss Representation: um documentário sobre a representação da mulher na mídia: somos hiperssexualizadas e sujulgadas, mesmo nos papéis em que parecemos poderosas - e como aparecemos na TV educa e cria cultura. Íntegra disponível no Vimeo.
4. Precisamos falar com os homens: um documentário brasileiro (o único sobre o tema), produzido pelo Papo de Homem em parceria com a ONU Mulheres. Fala sobre a importância em envolvermos os homens na luta por igualdade de gênero, já que eles, por serem parte do problema, fazem parte da solução.
5. The mask you live in: um documentário americano sobre a construção de masculinidade tóxica à qual submetemos os meninos, desde cedo. Cheio de estatísticas e informações. Imperdível.
6. Humans: uma série de vídeos, que podem ser vistos soltos, ou em sequência, sobre pessoas. Simples assim.
7. Innsaei: aqui, pensadores e espiritualistas discutem o Innsaei, filosofia islandesa que promove a conexão das pessoas por meio da empatia e da intuição.
8. Daughters of Destiny: uma série sobre a escola Shanti Bhavan, que desde 1997 oferece educação gratuita para algumas das crianças mais carentes e sub-representadas da Índia. A série traz um foco bonito na vida de 4 meninas, protagonistas da narrativa.
Mulheres conectadas ao tema de desenvolvimento humano, para acompanhar:
1. Kris Neff, Caroline Bertolino e Christine Braehler: para pensar e praticar a autocompaixão e autocuidado.
2. Tara Brach: um misto de psicologia, práticas espirituais orientais, atenção plena e autocompaixão (vira e mexe, ela solta um curso online).
3. Jeanne Pilli: meditante certificada pelo programa Cultivating Emotional Balance. Está sempre pelo CEBB (centro de estudos budistas) em São Paulo e tem práticas guiadas incríveis no seu canal no Soundcloud.
4. Marta Alonzo, da sociedade portuguesa de meditação e bem-estar. Uma das especialistas certificadas para aplicar o programa Mindful Self-Compassion, deve vir para o Brasil com essa formação em janeiro de 2018.
5. Ana Claudia Quintana Arantes: Ana explora desenvolvimento humano através da morte. Vale acompanhar ela nas redes, e principalmente os workshops presenciais.
6. Melissa Setubal: especialista em saúde integrativa, fala das potencialidades da comida no florescer humano, com foco nas mulheres.
Para observar:
O trabalho da mestra budista Tenzin Palmo, conhecida por abordar a questão do patriarcado nas tradições religiosas orientais. Essa entrevista, feita pela ativista Glória Steinem, traz falas preciosas dela.
Para ler sem pressa:
1. A caverna na neve: uma biografia da Tenzin Palmo, escrita por Vicki Mackenzie
2. A morte é um dia que vale a pena viver: da Ana Claudia Arantes.
3. Um amor conquistado — o mito do amor materno e O conflito: a mãe e a mulher, ambos de Elisabeth Badinter: a filósofa francesa explora, nas duas obras, os mitos que rondam a maternidade perfeita.
4. O mito da beleza, de Naomi Wolff: o subtítulo, o Mito da Beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres, já diz tudo.
Esse é o primeiro texto de várias curadorias que vamos trazer por aqui. É um texto para usar de apoio, sempre que quiser uma dica de algo que vai lá dentro, fundo, e te ajuda a se transformar um pouquinho. Não precisa correr e consumir tudo de uma vez: o que tem aqui é para degustar, com calma e carinho, chá, pipoca e relaxamento.
Se tiver dicas afiadas e quiser dar para nós, para colocarmos nos próximos textos, joga lá no fórum que a gente conversa e compartilha por aqui.
Vamos juntas.
Gabrielle Estevans é jornalista, editora de conteúdo e coordenadora de projetos com propósito. Nesse período entre as trilhas, é editora-chefe de conteúdo, participante e caseira.