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Meditação: um caminho benéfico — e possível

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Coisa de hippie, algo tedioso ou muito exótico. Durante um tempo considerável a prática da meditação foi vista com preconceito e resistência. Até que a ciência revelou seus benefícios e ficou difícil continuar olhando para ela com rabo de olho.

Mas, apesar de já termos ouvido falar sobre suas vantagens — físicas, emocionais, mentais, sociais e espirituais —, muitas de nós, ao tentar meditar em uma ou duas ocasiões, acaba desistindo, achando que a prática não nos contempla. Temos a impressão de que meditar é alcançar, de imediato, um quietude mental plena, mas isso está longe de ser verdade. Meditar não significa alcançar esse “vazio”, mas olhar com uma mirada curiosa e cuidadosa para nossa própria mente, transformando a forma como nos relacionamos com os nossos pensamentos.

Eu, que há muito namoro a meditação, confesso que fui e voltei algumas vezes até encontrar uma prática em que me adaptasse melhor. Imaginem quão grande não foi minha surpresa ao descobrir que há milhares de possibilidades? Com mantras, com visualizações, algumas baseadas na respiração, o mindfulness, as práticas guiadas — shamata, vipassana, com origem no budismo tibetano ou indiano. Nesse amplo universo de oportunidades, a única coisa que precisamos mesmo ter às mãos é a intenção. Aí, na crença de que tudo aquilo que buscamos também está a nossa procura, a certeza de que encontraremos o tipo certo de prática é das grandes.

E se antes o automático era relacionar a meditação a algo complicado e inatingível, cada vez mais a atividade vem sendo desconstruída. Deixa-se de lado as condições excludentes de prática — como lugares rebuscados ou com mestres presentes — e entra a simplicidade: qualquer hora é hora, qualquer lugar é possível e, com a internet, estar mais próxima de quem guia a prática ficou ainda mais fácil.

Vamos juntas?

Uma prática simples para desmistificar que meditação é para poucos

Escolha um cantinho mais silencioso e busque uma posição confortável. Sentada no chão com as pernas cruzadas, numa cadeira com as pernas levemente abertas ou deitada. Não há uma regra exclusiva. Quando estive no auge de minha depressão, por exemplo, praticava deitada. Se preferir sentar no chão, apoie os ísquios (ossos da zona inferior do quadril) em uma almofada para garantir uma posição ereta e atenta. O aspecto mais importante é manter as costas completamente em linha reta, da pélvis até o pescoço. O segredo da posição é combinar conforto (uma posição que você conseguiria sustentar por bastante tempo) com atenção (uma posição em que você não vá cair no sono).

Também, não precisa ficar presa ao mito de que só podemos meditar em lugares específicos, preparados para isso. Se você tiver um cantinho que possa ambientar e preparar, ótimo. Se não, escolha um em que consiga relaxar e se concentrar. Silêncio é bom, mas barulhos e ruídos fazem parte da prática.

Independentemente do tipo de meditação, é normal termos de lidar com os pensamentos que surgem, com as dificuldades de concentração, com o sono, com a vontade de levantar e fazer outra coisa, com o desconforto físico. Tudo isso não só faz parte como é o próprio processo.

Nossa prática de hoje será guiada por Carol Bertolino, facilitadora do programa Mindful Self Compassion e especialista da nossa trilha de autocompaixão. Aqui, ela irá nos orientar durante 15 minutos por uma meditação com foco na atenção plena. A ideia é que foquemos nossa atenção no momento presente e que o aceitemos sem julgamento. Esse método é considerado por muitos praticantes e estudiosos um elemento-chave para a felicidade, já que age ativamente no bem-estar físico e emocional. Preparada?

Ou, se tiver algum problema acima, clique nesse link para começar. :)

No período entre as trilhas da Comum, iremos explorar algumas práticas conduzidas por mulheres que apreciamos, como a Carol e a Jeanne Pilli, ambas certificadas no programa Cultivating Emotional Balance e ligadas ao budismo tibetano.

Eu continuo pelo fórum para que dividamos nossas vivências. Te vejo por lá!


Gabrielle Estevans é jornalista, editora de conteúdo e coordenadora de projetos com propósito. Nessa trilha, é editora-chefe, participante e caseira.