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#9 3 provas de que a autocompaixão constrói mais do que a autocrítica

Quantas vezes você já acordou pensando em coisas que precisaria melhorar? Acontece com todas nós. Seja malhar mais para entrar nos padrões de beleza, melhorar a pronúncia de certas palavras em uma língua estrangeira, acrescentar um novo curso no currículo ou agir de forma diferente da que estamos acostumadas.

Essas mudanças são, na maior parte das vezes, agressivas. Nos cobramos com afinco e se não damos conta dos planos acabamos nos colocando em uma posição de crítica constante. E ninguém precisa fazer isso por nós. Somos nossas próprias carrascas.

Mas existe outra forma de se tornar uma pessoa melhor?

Existe e é a autocompaixão. Quando passamos a olhar para nós mesmas com mais generosidade conseguimos enxergar não apenas nossos pontos positivos, mas todas as travas que nos impedem de completar os planos que traçamos.

Muitas vezes não conseguimos seguir em frente não por falta de empenho ou capacidade, mas porque falta alguma coisa em outra área, falta carinho de nós para nós, falta compreensão e respeito do momento que vivemos. Nossas vidas não são uma lista de tarefas, o fator humano – nós! - precisa ser levado em conta.

Qual a diferença entre nos motivarmos com autocompaixão ou autocrítica?

Se não colocamos tudo isso na balança acabamos nos ferindo com palavras, atos ou cobranças. Somos mais críticas com nós do que haveria qualquer chance de sermos com outras pessoas. A crítica não constrói, ela enfraquece. A autocompaixão fortalece e cria bases para o crescimento.

1 - A motivação baseada na autocrítica vem do medo de ser inútil, mas quando ela vem da autocompaixão está ligada ao desejo de ser saudável e aumentar o bem-estar

No primeiro caso a gente se obriga a seguir em frente mesmo que sangrando – literal ou metaforicamente – simplesmente porque temos medo de não sermos úteis para nós ou para o mundo. Nos deixamos ser tomadas pela culpa e pela sensação de que só teremos valor verdadeiro se seguirmos uma cartilha de conquistas. E isso não existe!

Quando buscamos o bem-estar, quando queremos estar saudáveis emocional e fisicamente, agimos de maneira diferente. Respeitamos nossos corpos, desejos e momentos. Entendemos que nem sempre estamos prontas para dar um passo e que o tempo age a nosso favor, por mais que seja difícil aceitar isso.

2 - Auto-crítica dá a ilusão de controle, enquanto a autocompaixão foca na autoaceitação e não no auto-aperfeiçoamento

Temos características que não gostamos tanto. Todos temos. A questão é que nem sempre essas características são um problema. Algumas delas, na verdade, foram colocadas na lista de coisas negativas por outras pessoas e nós apenas seguimos em frente sem questionar essa verdade.

Não controlamos tudo. Nem no mundo externo, nem no interno. Não controlamos a lágrima que cai e que enxergamos como sinal de fraqueza – mesmo que no fundo saibamos que ela não é fraqueza alguma. Não controlamos o desejo de ajudar que é maior do que nós e muitas vezes nos coloca em situações desagradáveis. Não controlamos nossos desejos e sonhos. E tudo bem.

Quando passamos a aceitar quem somos a expressão “ter controle” ganha uma concepção totalmente diferente. Não é mais sobre manter as coisas como elas deveriam ser, mas trabalhar com o que temos em mão e usar tudo isso a nosso favor.

3 - Aceitação de si mesma não significa ser passiva ou complacente, a autocompaixão dá suporte emocional e cria um ambiente propício para mudanças e crescimento

É importante lembrar que se conhecer e aceitar não quer dizer que você vai estacionar e deixar tudo como está. Muito pelo contrário. É nesse processo que você vai criar bases para transformar não só o que a incomoda de verdade em você e a faz mal, mas o que está fora de você.

O processo da autocompaixão te deixa mais forte e dá ferramentas para manter a ação, mas de uma forma que não a agrida, sem que você se cobre mais do que o necessário, sem que se machuque ou seja dura demais.

A autocompaixão é transformadora e é por isso que ela transgride a maneira que olhamos para nós mesmas: com amor e aceitação é muito mais fácil transformar o que desejamos.


Autocompaixão para mulheres: a primeira trilha da Comum

Desde quando o fórum nasceu, ano passado, notamos que a cura pras nossas questões começava dentro de nós. Ou passava necessariamente por isso: entendermos nossas emoções, necessidades e sermos mais gentis conosco. Resolvemos então nos aproximar do tema da autocompaixão e conhecemos a Carol Bertolino, que estuda o assunto há algum tempo. 

A trilha da Comum desse mês é sobre autocompaixão e autonomia afetiva pra mulheres. Vamos explorar o tema juntas, através de textos, vídeos, conversas no fórum e práticas. A trilha começou no dia 10 de julho e segue até o encontro. Você pode ver todo o conteúdo dela aqui.


Imersão: autocompaixão em São Paulo

Uma imersão de dois dias (27 e 28 de agosto), em São Paulo, guiada pela Carol Bertolino e só pra mulheres. Aberta pra assinantes e não assinantes. Saiba mais e se inscreva aqui. 


Carol Patrocinio é jornalista e divide seu tempo entre escrever para diversas publicações sobre assuntos relacionados ao mundo feminino e ao feminismo, seu canal no Medium e consultorias para negócios que querem falar com as mulheres.