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#7 Conhecimento, auto-observação e protagonismo

Ao longo dos séculos, o corpo feminino foi visto como algo odioso. Na Idade Média, por exemplo, a Igreja Católica incitava o pavor sobre as mulheres, associando suas formas ao pecado e culpando-as, no papel de Eva, pelas mazelas mundiais. Éramos o segundo sexo e até os hábitos de higiene eram recriminados, sujos, nocivos. Durante a história, o caráter odioso que os corpos femininos carregaram foram suavizados, mas a opressão tomou outras nuances. Hoje, a falta de informação, a escassez de políticas de educação sexual e de incentivos ao autoconhecimento corporal nos arranca o protagonismo dos nossos corpos. E quando falamos em protagonismo, não é sobre confrontar radicalmente o poder médico. É sobre também termos poder sobre nosso corpo, pra sermos quem quisermos ser. Com saúde. 

"É contraditório que na era da informação a gente ainda sinta que sabe tão pouco sobre a gente mesma." 
Halana Faria, ginecologista e obstetra

Se olharmos os procedimentos médicos comuns, veremos que há, hoje, um excesso de diagnósticos. Ouvimos com frequência que é melhor prevenir do que remediar e por isso fazemos dos consultórios médicos uma parada obrigatória — pelo menos anualmente. Para nós, mulheres, a tendência é ainda mais forte, já que somos submetida a uma valorização da prevenção desde muito cedo, na primeira menstruação. Fomos ensinadas assim. Mas, e agora? Como romper com essa narrativa? Como podemos protagonizar nossas escolhas? De que forma sabemos o momento de ir ao médico, a necessidade de um exame? É possível termos, nós mesmas, esse controle? 

Halana jogou luz a essas questões no papo com a Comum sobre conhecimento, auto-observação e protagonismo. Para assistir, dê o play aqui:

Ter conhecimento de como funcionamos nos ajuda em um sem fim de caminhos mais benéficos: na construção da nossa sexualidade e de exercê-la com liberdade; a prevenir doenças; a reconhecer anormalidades; a escutar as demandas genuínas do nosso corpo. É também através do autoconhecimento que abrimos espaço para a autoapreciação das nossas potencialidades, para a autocompaixão quando necessitamos de acolhimento, quando é preciso cuidar com carinho de nós mesmas.  

É uma mudança de rota que requer dedicação, sem dúvida, mas que promete uma colheita frutífera. Aos poucos, em passos pequenos, mas consistentes, vamos fazendo essas mudanças que construirão um caminho mais autônomo no que tange a nossa saúde. Vale a pena.

Seguimos. 


Gabrielle Estevans é jornalista, editora de conteúdo e coordenadora de projetos com propósito. Na Comum, é editora-chefe, participante e caseira.

 

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