Crescemos sem aprender a reconhecer nossas emoções. Não sabemos muito bem de onde elas vêm, não sabemos identificá-las. Também, desde pequenas, não somos incentivadas a sentir.
De uma visão mais profunda da nossa fome — de que é tudo fluido e de que estamos em constante movimento e interação com o meio — depreendemos também que não existe solução simples para barrá-la.
Passamos então uma vida solitárias, achando que as nossas questões com a comida são só nossas. Não são. Existe toda uma cultura que planta, cultiva, reafirma e sustenta nossos problemas com ela.
É a partir da amamentação que começamos a estabelecer relações culturais, familiares e emocionais com a comida, que vão muito além do simples ato de se alimentar.
Do peito à panela: como a introdução alimentar do bebê e a relação que se dá com os alimentos ainda na infância são pilares essenciais na formação da nossa dinâmica com a comida quando adultas?
É na comida compartilhada que se manifesta nossa sociabilidade. É quando nos reunimos em torno da comida que o ritual se mostra: quem come primeiro, o que come, como nos comportamos.
Que as novidades continuem nos brindando com as revisões de padrões e modelos e com a resiliência pela liberdade de trajetos: mas que entre as quebras e trânsitos, lembremo-nos de manter conosco também o que está dentro e o que é fértil e está perto.
Sem receita de bolo, dietas mirabolantes ou julgamentos: para além da prisão estética, das regras nutricionais normalizadas e de reeducação alimentares, essa trilha propõe um olhar gentil e autocompassivo para nossa alimentação.
A gente não queria mais um grande tema. A gente queria conseguir parar, com qualidade. Decantar, dar tempo ao tempo. Permitir a não mudança, também. Dar espaço pro contentamento, pra simplicidade e pra contemplação.